- Vejamos algumas das principais dimensões que nos coloca uma real vivência do Advento:
Tempo do Deus da libertação:
A liturgia do Advento por meio dos textos do profeta Isaías nos
apresenta o Deus que aterra os vales, aplaina as montanhas, faz com que o
deserto floresça, coloca juntos o leão e o cordeiro. É o Deus do
impossível, que vem para proteger os pobres e dissipar as trevas por
meio da sua Luz. (cf. Is 9, 1-6; 40, 1-30; 45, 7-8)
Tempo de expectativa vigilante e alegre:
Em toda a liturgia do Advento ressoam as promessas de Deus que
foram cumpridas em Jesus Cristo. Porém, no fim dos tempos, irá se
realizar em definitivo a história das “promessas de Deus” e aparecerá o
objeto de todas essas promessas, isto é, o próprio Deus, visto e
contemplado em toda a riqueza da sua graça. É a expectativa gerada no
Advento e que nos conduz a um estado de vigilância e de preparação para
esse grande momento.
A
expectativa vigilante é sempre acompanhada da alegria. Por isso podemos
afirmar que o Advento é tempo de expectativa jubilosa porque aquilo que
se espera certamente acontecerá. Deus é sempre fiel.
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Tempo de esperança: São Paulo nos mostra que o Deus da revelação de Jesus Cristo é o “Deus da esperança”(Rm
15,13). Por isso toda a Igreja vive dessa grande esperança, e nela nos
mergulha no Advento. O povo de Israel esperou o cumprimento das
promessas de Deus e a Igreja vive delas. A esperança da Igreja é a mesma
do povo de Israel, mas já realizada em Cristo. A Igreja vive, na
esperança, a sua existência como graça de Cristo para todos os homens. E
pelo mistério do Advento, essa mesma Igreja é chamada a tornar-se sinal
concreto de libertação integral do homem.
O
Advento é o tempo litúrgico da grande educação à esperança: uma
esperança que se torna, pela graça de Deus, forte e paciente; que aceita
a hora da provação e da perseguição; enfim, uma esperança confiante.
Tempo de conversão:
A experiência nos mostra que não existe possibilidade de esperança e
de alegria sem retornar ao Senhor de todo o coração, na expectativa da
sua volta. Para isso, precisamos converter radicalmente os nossos
corações ao Senhor com a real disposição de deixar o que é velho em nós e
assumirmos o novo em nossas vidas.
Coragem! O Advento é o tempo propício de conversão aos duros de coração.
Dimensão histórica da salvação:
Deus se fez homem e veio habitar no meio de nós. O Deus eterno quis
entrar no tempo e viver a nossa história. Ele é o “Deus-conosco” que
salvou a humanidade inteira. E no Advento
recordamos essa dimensão histórica da salvação, realizada em Jesus
Cristo, que nos conduziu a plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4).
Dimensão escatológica do mistério cristão: O Senhor Deus se manifesta em sua Palavra como “Aquele que é, que era e que vem”(Ap
1,4-8; Ex 3,13-14). Por isso, o Advento, com a sua liturgia própria,
nos ajuda a ver a história como lugar do agir das promessas de Deus e
nos direciona para o seu cumprimento no “Dia do Senhor”.
Dimensão missionária: No
Advento, toda a Igreja contempla o Pai que envia seu Filho para salvar
os homens por meio da ação (envio) do Espírito Santo. Por isso o Advento
de Cristo na Igreja e por meio da Igreja atua-se mediante a missão.
Esse Tempo litúrgico é assim, por sua própria natureza, o tempo do
aprofundamento do significado autêntico da missão.
A
Igreja não vive para si, mas para o mundo. Cada cristão participa dessa
missão de proclamar a vinda do Senhor e de esperá-la com uma alegre
expectativa. Isso é essencial na vida cristã. E o mistério do Advento
nos insere nessa missão.
Enfim,
ao contemplarmos e vivermos a espiritualidade do Advento, percebemos
duas grandes dimensões: a escatológica (aprofundada até o dia 16 de
dezembro) e a natalina (aprofundada do dia 17 a 24 de dezembro).