Entrevista com Ir. Zélia Maria Batista sobre Iniciação Cristã

Com o tema “A Iniciação à Vida Cristã” e o lema: “Ora, como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele que não ouviram? E como ouvirão, se ninguém o proclamar? E como o proclamarão se não houver enviados” (Rm 10, 14-15), a Arquidiocese de Ribeirão Preto promoveu nos dias 05 a 08 e março, um Encontro de Formação para Catequistas. O encontro contou com a presença de Ir. Zélia Maria Batista, CF.
Ir. Zélia Maria Batista, CF, é religiosa da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, formada em Comunicação Social pela UFPR, especialista em Pedagogia Catequética pela PUC-GO. Assessora da Comissão para Animação Bíblico-Catequética da CNBB.
Conheça mais sobre a realidade da Catequese no Brasil na entrevista com a Ir. Zélia.

Igreja-Hoje – Qual a sua função enquanto assessora da Catequese da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética?

Ir. ZÉLIA – O serviço de assessoria consiste em acompanhar, animar e dinamizar as ações catequéticas nos 17 regionais da CNBB, para isso a Comissão conta com os grupos de reflexão: GRECAT – Grupo de Reflexão Catequética Nacional; GREBIN – Grupo de Reflexão Bíblica Nacional. Esses grupos contribuem na reflexão, produção de subsídios e assessorias.

IH – Quais as principais preocupações sentidas pelos catequistas hoje?

Ir. ZÉLIA – Acredito que é a FORMAÇÃO. A maioria dos/as catequistas busca aprofundamento e muitas vezes não tem o devido apoio das suas paróquias e dioceses. É necessário que nossas comunidades priorizem a FORMAÇÃO DE CATEQUISTAS dispondo de recursos para isso.

IH – Como o tema da “Iniciação à vida cristã” pode inspirar a prática de uma catequese missionária?

Ir. ZÉLIA – A iniciação à Vida Cristã é uma proposta para toda a Igreja e não se restringe somente a catequese. Para isso necessita ser ampliada a própria concepção de catequese, que ficou por muito tempo como algo destinado às crianças e a mera preparação aos sacramentos. A Iniciação à Vida Cristã resgata a essência da catequese que é fazer ECOAR a PALAVRA DE DEUS, formar adultos na fé, discípulos missionários, agentes de transformação na sociedade. É uma catequese que não se limita as quatro paredes de uma sala, mas vai ao encontro do Outro, dos esquecidos, dos excluídos, é missionária, chega ao coração do mundo onde pulsa a vida, muitas vezes ameaçada.

IH – Como a catequese pode contribuir para a evangelização dos jovens e seu engajamento nos trabalhos paroquiais, já que muitas vezes eles deixam a Igreja, principalmente após o sacramento da crisma?

Ir. ZÉLIA – A catequese que somente prepara para receber os sacramentos não é capaz de formar discípulos missionários engajados na comunidade e comprometidos com o Reino. Por isso a proposta da Iniciação à Vida Cristã apresenta um itinerário de inspiração catecumenal, gradual e permanente possibilitando aos candidatos ou catequizandos uma experiência de ENCONTRO com Jesus Cristo. Resgata-se a dimensão vivencial-litúrgica-bíblica da catequese ao propor um itinerário processual capaz de configurar a identidade cristã. É a experiência do ENCONTRO com uma pessoa, a pessoa de JESUS CRISTO, mencionado no Documento de Aparecida 12: “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”.

IH – Como podemos valorizar o trabalho de evangelização dos catequistas?

Ir. ZÉLIA – Não vivemos mais na cristandade. As pessoas necessitam ser evangelizadas, portanto, toda ação da Igreja é evangelizadora. A catequese é evangelizadora, não podemos mais supor que mesmo os assíduos frequentadores de nossas Igrejas, estejam evangelizados. Por isso a necessidade de valorizar e investir na formação de catequistas evangelizadores.

IH – Quais seriam os pré-requisitos para ser um catequista inserido na proposta da Missão Continental e do Documento de Aparecida?

Ir. ZÉLIA – Primeiramente uma pessoa VOCACIONADA, chamada por Deus. Ser catequista não é nenhum privilégio, é DOM, é responder ao CHAMADO DO MESTRE, para entrar na sua ESCOLA e aprender a ser discípula/o no dia-a-dia, na escuta da Palavra, no testemunho, no jeito de ser e viver de Jesus. O catequista vocacionado torna-se ENCANTADO e APAIXONADO pela missão, por isso tudo o que desenvolve deixa transparecer o seu próprio SER, deixa as marcas do amor de Deus nos seus catequizandos e na comunidade. É a partir dessa experiência fundante que pode ser proposta ao catequista uma formação permanente. Portanto o catequista precisa ser evangelizado, mesmo que já tenha recebido os sacramentos da iniciação, pode ser que ainda não tenha feito uma experiência profunda de encontro com Jesus, sua Palavra e seus ensinamentos. São muitos os pré-requisitos mais acredito que esse seja o fundamental, para todo catequista.

Boletim Informativo da Arquidiocese de Ribeirão Preto

Igreja-Hoje – Março Ano 2011 – N. 225

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