Um mês com Maria - 3/31

3º DIA - O TEMPO PARA SALVAR-ME!



Na Terra Deus me dá o tempo para me salvar e me santificar. “Ele nos quer todos salvos” (I Tim 2,4), quer a nossa “Santificação” (I Ts 4,3) e nos dá a possibilidade através do arco de tempo estabelecido para a nossa vida terrena. O arco do tempo pode ser mais ou menos longo. São Domingos Sávio se santificou vivendo somente 15 anos. Santo Afonso Maria de Ligório, vivendo 91 anos. A medida do tempo está nas mãos de Deus, “patrão da vida e da morte” (Sb 16,13). Nós devemos só utilizar o nosso tempo segundo a finalidade para a qual Deus nos criou, ou seja: “para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo no Paraíso”, segundo o catecismo de S. Pio X. Isto significa: “Operar o bem enquanto tivermos tempo”. Como recomendava S. Paulo (Gl 6,10). Tudo me deve servir pra conseguir o gozo eterno do Paraíso que consiste na visão beatífica de Deus. Se assim não for, se trabalha inutilmente, perdendo incalculáveis méritos e energias. A um velho eremita, um dia, perguntaram a idade. “Tenho 50 anos”, respondeu. ”Não é possível! – respondeu o visitante – Tens, certamente, mais de 70.”. “É verdade – respondeu – A minha idade seria 75, mas os primeiros 25 eu não conto, pois passei longe de Deus”.
 A que me serve?
São Bernardo dizia: “Todo o tempo que não usamos para Deus é perdido”. Por isso, São Luiz Gonzaga, como tantos outros santos, se propôs de perguntar-se antes de cada ação: “A que me serve para a eternidade?” E refletindo profundamente, compreendeu bem como valesse a pena renunciar a posse de um principado e a um futuro de glórias terrenas para se consagrar inteiramente a Jesus e a aquisição da Glória Eterna, consumindo-se de amor por Deus e pelo próximo. Santo Afonso Maria de Ligório obrigou-se com um voto especial: o de não perder um átimo de tempo! E o observava com um heroísmo que comovia. Quando escrevia por horas e horas aquelas páginas de doutrina e de piedade que iluminavam tantas almas, se às vezes lhe doía a cabeça, apertava com uma mão uma pedra sobre a testa e com a outra continuava a escrever. Se quiséssemos examinar o uso do nosso tempo e a finalidade das nossas ações, não é verdade que deveríamos pôr as mãos na cabeça? Quanto tempo perdido! Talvez estejamos prontos para dizer de não ter tempo nem para qualquer minuto de manhã e à noite, ou para dizer um Terço (15 minutos), ou para fazer uma boa obra… E depois não nos damos conta de perder a cada dia horas de tempo livre vendo televisão ou indo ao cinema, aos bares ou à rua, ou indo ao campo de futebol entre cigarros, canções e conversas fiadas. Este é o uso do tempo livre de muitos cristãos!
Colho o que semeio

O que dizer da finalidade sobrenatural que deveriam ter as nossas ações? Agimos somente com finalidade de lucro. Se faz tudo por interesse. Se trabalha só pelo dinheiro. E que prontidão súbita quando devemos nos queixar por inconvenientes incômodos ou perdas! É tudo calculado. Tudo me deve dar o máximo de rendimento e gozo com o mínimo esforço. Talvez no nosso comportamento não exista nem um sopro de Amor a Deus, um aceno de intenção sobrenatural, um odor de elevação à finalidade mais alta pela qual um cristão deveria agir. “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo pela Glória de Deus”. (I Cor 10,31). Como faremos juntos de Deus? Se é verdade que um dia prestaremos conta até de cada palavra ociosa (Mt 12,36) tanto mais prestaremos conta de cada minuto perdido.
Em um minuto de tempo se podem fazer diversos atos de Amor a Deus. Assim faziam Santa Bertila Boscardin que passava pelos quartos do Hospital recitando amorosamente o Rosário. Nós, ao invés, passamos de ação em ação, de lugar em lugar só atentos ao nosso interesse. Mas não nos iludamos: “aquilo que o homem semear, aquilo colherá!” (Gl 6,8). Se enchermos o nosso tempo de ações feitas para Deus, colheremos um dia a visão serena de Deus. Se ao contrário, colheremos os sofrimentos do Purgatório, ou, não queira Deus, do Inferno Eterno!
Um belo exemplo

Olhemos um modelo de Santo nosso contemporâneo: o Beato José Moscatti, grande médico napolitano. Não viveu muito, mas encheu seu tempo de coisas nobres e santas. Todos os dias ele começava sua jornada às 5 horas da manhã, com duas horas de oração recolhida e intensa. Fazia sua meditação, participava da Santa Missa, recebia a Santa Comunhão e fazia um longo agradecimento. Sem estas 2 horas e sobretudo sem a Santa Comunhão, ele dizia não ter coragem de entrar na sala médica para visitar os doentes. Logo depois das 2 horas de oração, entrava nos becos de qualquer bairro da velha Nápolis, descia a qualquer gueto ou subia em qualquer porão a visitar gratuitamente doentes em condições penosas e miseráveis. Continuava a sua manhã com a escolha e com as visitas médicas no Hospital. Antes de uma diagnose, nos momentos de dificuldade, punha a mão no bolso, apertava o Rosário por um momento, rezava a Nossa Senhora. Durante as visitas não era menos preocupado de recomendar aos enfermos a cura da alma, dando conselhos e avisos concretos, como aqueles de confessar-se e comungar. Ao meio dia, ao soar o sino do Ângelus, embora estando em sala médica, recitava sem falta a Oração, convidando os presentes a rezarem com ele. De tarde continuava as visitas médicas em casa até o pôr-do-sol. Fechava seu dia com a visita ao Santíssimo Sacramento, com a recitação do Santo Rosário e as orações noturnas. Morreu durante as suas visitas médicas, amando os corpos e as almas dos enfermos. Eis um verdadeiro cristão que “operava o bem enquanto tinha tempo”. (Gl ,10).
Votos

– Começar e terminar o dia com as orações de manhã e à noite;

– Mortificar os olhos e a língua para não perder tempo em curiosidades e conversas;

– Rezar ao invés de falar futilidades e/ou inutilmente.




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