SACRAMENTO DA EUCARISTIA



Como os marcos de cimento definem a quilometragem de uma rodovia, assim os Sacramentos vão marcando a estrada do crescimento da vida na graça.
A primeira etapa da viagem é o BATISMO, obrigatório para todos. A segunda etapa da “iniciação cristã” é a CONFIRMAÇÃO (CRISMA), antigamente feita logo após o uso da razão e hoje encarada como o sacramento da definição madura e apostólica do cristão na idade da juventude. Terceira etapa, a complementar o trio da iniciação, é a EUCARISITA, meta do crescimento, centro da comunidade cristã, presença real e especial do próprio Salvador, Jesus Cristo.
Os demais sacramentos vão marcando ou os “acidentes fatais” que nos separam de Deus (PENITÊNCIA): ou os termos da viagem (UNÇÃO DOS ENFERMOS); ou a associação de pessoas para prosseguirem juntas e aumentarem o número dos que caminham para o Pai (MATRIMÔNIO); ou, ainda, a dedicação de alguém para prestar serviço, seja em postos de beira de estrada, seja no socorro volante (vigários e missionários, com a ORDEM).
A EUCARISTIA é o Sacrifício de Cristo para estabelecer a Comunhão entre os homens e deles consigo e com o Pai.
Além de Sacrifício, Eucaristia é Comunhão (sacramento). É a festa da comunhão atual e futura de todos os homens entre si e com Deus; de fato, não há forma de união mais perfeita que a nossa como o alimento que ingerimos e assimilamos, até que se incorpore à intimidade de nossas células.
A Eucaristia é, igualmente, Comunhão entre nós por dois motivos:
Primeiramente, como lembra São Paulo: “O cálice da benção que nós abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? E como há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois participamos todos desse único pão.” (1Cor 10, 16-17). Isto quer dizer que Cristo é o laço de união que nos liga a todos por dentro. Pois, no caso do pão comum, nós o transformamos em nosso corpo; mas com o pão eucarístico, nós é que somos assimilados ao Cristo, por que Ele é maior que nós.
Em segundo lugar, a Eucaristia é Comunhão entre nós porque inaugura ou aprofunda a relação de todo o universo para Cristo como seu centro. Nada pode ter sentido se estiver desligado Dele.
“Cristo escolheu o pão: o pão deve estar na mesa de todos. O pão que os homens precisam aprender a repartir. O pão que simboliza tudo o que pode desenvolver, até a sua plenitude, a vida humana. E Cristo escolheu o vinho, sinal bíblico das bênçãos de Deus a seu povo, sinal da paz messiânica, sinal da festa e da alegria. Mas também sinal do sofrimento, do sangue , do sacrifício, da morte (“Pai, se for possível, afasta de mim este cálice”, clamou Cristo na véspera de sua Paixão). Porque a fraternidade , a união de todos os homens só nascerá da disposição para o serviço, da dedicação ao irmão até o sacrifício da própria vida” (R. Gopegui, o.c.,p.81).
A preparação da Eucaristia é semeada discretamente desde as Bodas de Caná, onde Cristo se mostra Senhor da natureza, transformando a substância da água em substância de vinho. Depois ao acalmar com um gesto os ventos furiosos da tempestade, ou ao andar tranquilamente sobre as águas, ou ao multiplicar por duas vezes pães e peixes, para uma multidão faminta. Mas especialmente se manifesta a revelação ou promessa da Eucaristia no célebre capítulo 6 de São João, onde relata o chamado “sermão do Pão da Vida”: Cristo abre seu coração e insiste na necessidade vital de alimentarem-se todos do verdadeiro pão do céu, que é Ele próprio, seu Corpo e Sangue dados como alimento espiritual.
Mais ou menos um ano depois, Cristo realiza essa promessa ante os olhos atônitos dos primeiros a fazerem a primeira Eucaristia de toda História.
“Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer. Pois eu lhes digo: nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus. Então Jesus pegou o cálice, agradeceu e disse: “Tomem isto e repartam entre vocês; pois eu lhes digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.” (Lc 22,14-18)
Até aqui o evangelista vinha descrevendo a cerimônia da Páscoa judaica. A partir deste ponto, mostra como Cristo inovou e estabeleceu “ a nova Aliança no seu sangue”:
“A seguir, Jesus tomou o pão, agradeceu a Deus, o partiu e distribuiu a eles, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim. Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança do meu sangue, que é derramado por vocês.” (Lc 22,19-20)
Não há mais pão, nem mais vinho. Do pão e do vinho restam apenas as aparências; continuam tendo o tamanho, a cor, o sabor, a densidade, em resumo, todas as propriedades físico-químicas. Apesar disso, a substância (aquilo que a coisa realmente é) mudou: houve uma transubstanciação ( o pão virou carne e o vinho sangue).
A nossa missão como discípulos comprometidos deve continuar reunindo os que acreditam no amor de Deus e dos homens para celebrarem juntos, e com Cristo ressuscitado (palavra viva de Deus), a alegria da Vida nova do Reino, que já está presente.
“É possível que o mundo não acabe num cataclismo, numa aniquilação, numa catástrofe. Pode suceder que o mundo acabe numa Eucaristia. Quando a Eucaristia for celebrada em toda a terra, então este mundo passará e o Senhor se manifestará em toda a sua glória. Os primeiros cristãos, depois de comungarem, ajoelhavam e diziam: “E agora, venha”. Tinham efetuado a passagem. Sentiam-se de tal modo bem no mundo do Pai, que desejavam não ter de voltar atrás. Tinham-se naturalizado nas coisas de Deus e preferiam-na para todo o sempre (L.Evely, o.c., p.46).

Fontes: Os sete sinais do amor – Pe. Lacerda sj; Bíblia Sagrada

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