PERSEVERAR NA ESPERANÇA
Embora se apresente como sendo de Simão Pedro (1,1; 3,1), esta segunda carta é o último escrito do Novo Testamento, e foi provavelmente escrita no fim do séc. I ou mesmo em meados do séc. II. Seu autor imita o gênero literário do «testamento dos antepassados», comum naquela época: pôr conselhos e advertências na boca dos patriarcas que estão próximos à morte.
Estamos no tempo em que a Igreja está passando da época primitiva para a chamada era pós-apostólica. Até aí o cristianismo fora vivido como novidade entusiasmante e esperava-se ardente e continuamente pela volta gloriosa de Jesus. Nesse momento, porém, o tempo do Jesus terrestre começava a perder-se no passado, e o futuro da parusia torna-se cada vez mais distante. A comunidade cristã vai aos poucos sofrendo influências de pensamentos e religiões diversas que ameaçam deturpar o mistério cristão e até mesmo a consciência moral das comunidades com uma série de idéias sem ligação com a vida.
A carta responde à situação, estimulando os desencorajados e denunciando com veemência as doutrinas estranhas à fé. Ao mesmo tempo que anuncia a catástrofe final do mundo, ensina também a paciência e a perseverança, o senso da vida sob o julgamento de Deus, o progresso na fé a na graça. Por outro lado, defende o essencial da fé e insiste na Palavra de Deus, referindo-se às cartas de Paulo como a um conjunto literário bem conhecido de toda a Igreja. Em poucas palavras, a carta é uma lição importante para o cristianismo, que deve aceitar ser fermento dentro de uma longa história, embora deva recusar um estabelecimento triunfal num momento da história.
Fonte: Bíblia Pastoral