Então, dá-Te a conhecer a nós!
O Espírito Santo é, na comunhão da Santíssima Trindade,
Comunhão que nós aprendemos a chamar “Deus”, o ponto de encontro eterno entre o
Pai e o Filho, o Amor Divino com jeito de abraço e inspiração de reciprocidade.
É uma Pessoa Divina, como o Pai e o Filho, uma interioridade espiritual eterna
e perfeita, única, original, irrepetível, livre, capaz de amar e que se realiza
na comunhão com outras Pessoas. Não é uma “pombinha”, nem um vento, nem uma
“coisa” sagrada que se tenha e se dê! A má compreensão dos símbolos bíblicos
para dizer a ação do Espírito de Deus fez com que se “coisificasse” a Sua
existência.
Os símbolos bíblicos do Espírito Santo são a água, o fogo, o
vento, o óleo e a pomba.
O “Espírito de Iahweh” é no Antigo Testamento a atividade de
Deus, a Sua ação na história sempre eficaz e, ao mesmo tempo, sempre discreta.
Por isso são precisos símbolos para exprimi-la…
A Água é símbolo em todas as culturas antigas de
purificação, renascimento, fecundidade… A Criação está marcada por este
símbolo, já que “o Espírito sobrevoava as águas” (Gn 1, 2). E no tempo de Noé,
é pela água que Deus atua a recriação da Humanidade que, entretanto, se tinha
corrompido (Gn 7, 17). João Batista era com o batismo na água do Jordão que
preparava o Resto Fiel para a chegada do Messias. E ainda hoje os discípulos
deste Messias utilizam a água para celebrar o Batismo.
O Fogo é símbolo de todo o mistério, o maravilhoso
intocável, o que assume e transforma em si próprio tudo o que toca. No deserto,
o povo era iluminado por uma coluna de fogo durante a noite (Ex 13, 21), e o
novo povo de Deus é também conduzido pelo fogo do Espírito Santo que abrasa e
ilumina a partir da experiência de Pentecostes (At 2, 3).
O Vento é o que atua sem ser visto, está presente sem se
conseguir agarrar, “sopra onde quer, ninguém sabe de onde vem nem para onde
vai, Ruah, mas todos escutam a sua voz” (Jo 3, 8). O profeta Elias, escondido
com medo da rainha Jezabel, é na brisa suave do vento que percebe a presença de
Deus (1Rs 19, 13). O profeta Ezequiel descreve a visão de um campo de ossos
ressequidos aos quais, Deus envia uma brisa suave, um vento que os percorre e
revigora trazendo-os à vida (Ez 37, 1-10). “Espírito” em hebraico diz-se
“Ruah”, que significa mesmo “vento”, “aragem”. E tem também o significado de
“hálito” ou “alento” de vida. O Ruah Iahweh – Espírito de Deus – é o Hálito que
sai da boca de Deus como alento de Vida: “Deus insuflou no barro amassado o seu
Ruah – hálito, alento, respiração – e o Homem tornou-se um Vivente!” (Gn 2, 7).
Também Jesus Ressuscitado “soprou sobre os Apóstolos,
dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20, 22). Sim, o Espírito Santo é o
Alento de Vida de Jesus Ressuscitado.
O Óleo ou Azeite é
símbolo do vigor, da força, da cura e da eleição. Na Grécia antiga, por
exemplo, os participantes nos jogos olímpicos untavam-se com óleo – azeite virgem
– para tonificar os músculos, dar vigor e beleza ao seu corpo. Esse mesmo óleo
era utilizado por todos os povos da antiguidade para curar feridas abertas,
pelas suas propriedades cicatrizantes. Além disso, a unção com óleo sobre a
cabeça era o símbolo privilegiado da eleição divina de alguém: “Samuel pegou no
corno cheio de óleo e ungiu David. A partir desse momento, o Espírito de Deus
apoderou-se dele” (1Sm 16, 13). Ainda hoje usamos a unção com óleo como símbolo
desta consagração ao Espírito Santo nos sacramentos do Batismo, Confirmação,
Ordem e Unção dos Enfermos. Os nomes “Messias” e “Cristo” que significam em
hebraico e grego “Ungido”, têm por base esta simbologia bíblica da
unção-eleição de alguém por parte de Deus para realizar o Seu Projeto.
A Pomba é o símbolo da leveza, da agilidade e das boas
notícias. “No princípio, o Espírito sobrevoava as águas” (Gn 1, 2), e será uma
pomba a dar a Noé a Boa Notícia da Recriação (Gn 8, 8-12). No batismo de Jesus,
“o Ruah Espírito Santo desceu na forma de uma pomba sobre ele”, símbolo da
unção messiânica confirmada por Deus, de quem se ouve a voz: “Tu és o meu filho
muito amado; em ti ponho todo o Meu agrado” (Lc 3, 22).
No Catecismo da Igreja Católica, a partir do item 691, encontramos o nome, denominações e os símbolos do Espírito Santo. Lá encontramos também o Selo, como símbolo do Espírito Santo:
O Selo é um símbolo próximo ao da unção. Indica o caráter indelével da unção do Espírito nos sacramentos e falam da consagração do cristão. Em 2Cor l,22, "O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações." Em Ef 1,13: "Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa". Em Ef 4,30: "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção".
Os símbolos servem para dizer o “importante não evidente”.
No entanto, o Espírito Santo não é uma “coisa”, mas uma Pessoa. Que não se
explica por meio de objetos ou coisas.
Pe. Rui Santiago, cssr.
In Ruah.
Fonte: http://www.catequistasemformacao.com/2016/05/os-simbolos-do-espirito-santo.html