Se se morresse na Graça de Deus, mas se têm dívidas de
expiação pelos pecados cometidos e defeitos ainda dos quais se livrar para
entrar puros no Paraíso, se vai para o Purgatório a fim de livrar-se destas
dívidas e defeitos. Por isso existe o Purgatório. É um reino temporal além
tumba. Todos os que morrem na amizade com Deus, mas não são puros e dignos do
Paraíso, vão àquele lugar de dolorosa purificação por todo o tempo necessário
para purificar-se. Por isso se fazem as funções e se reza pelos defuntos que se
acham no Purgatório a fim de que seja apressada a passagem deles daquele lugar
de pena ao Reino do Eterno Paraíso.
É verdade
A Sagrada Escritura nos fala, desde as primeiras páginas, do
uso dos hebreus de rezar pelos mortos. Este uso exprime necessariamente a
existência das almas defuntas em um lugar que não seja o Inferno nem o Paraíso,
porque nem os danados, nem os Bem-aventurados precisam das nossas orações. Mais
expressamente ainda a Bíblia nos fala dos sacrifícios pelos defuntos que os
hebreus celebravam no Templo. À Morte de Aarão, foram oferecidos sacrifícios
por 30 dias seguidos (DT 34,8 / Nm 20,30). Judas Macabeus, depois das sanguinárias
batalhas, recolhia somas de dinheiro para mandar a Jerusalém para oferecer
sacrifícios pelas almas dos soldados caídos na guerra. “É coisa salutar rezar
pelos mortos a fim de que lhes sejam perdoados os pecados” (Mac 12,46). Também
o profeta Malaquias nos fala do Senhor que purifica com o fogo a amados filhos
de Levi (Ml 3,3). No Novo Testamento, Jesus refere-se mais vezes ao Purgatório.
A mais clara referência é sobre a necessidade de fechar cada conta com o nosso
inimigo antes de cair nas mãos do Juiz que nos porá em uma prisão de onde não
sairemos antes de ter saldado a dívida “até o último centavo”. (Mt 5, 25-26).
Esta prisão não pode, é claro, ser o Inferno, de onde não se sai nunca, mas o
Purgatório, como o interpretam os Santos Padres. São Paulo continua o
ensinamento de Jesus dizendo que quem faz obras imperfeitas se salvará, mas
passando pelo fogo. Depois de São Paulo, podemos citar os grandes Padres e
Doutores da Igreja: Santo Agostinho, São João Crisóstomo, Santo Efrém, São
Cipriano, Santo Tomás de Aquino… O magistério da Igreja apresentou a verdade do
Purgatório como dogma de fé!
Se sofre terrivelmente
No Purgatório se sofre as penas da purificação segundo a
necessidade de cada um. Tem quem tem mais dívidas e defeitos que outros. A
intensidade e duração são sob medida. Mas a qualidade do sofrimento é terrível.
Pena de sentido e pena de dano constituem um sofrimento tal que na Terra não se
pode pensar igual. Santo Tomás ensina: “A menor pena do Purgatório supera as
maiores penas da Terra, pois o mesmo fogo que atormenta os danados do Inferno,
atormenta os justos do Purgatório”. Lá entenderemos qual coisa tremenda é a
ofensa a Deus e qual reparação exige a Sua Justiça. Por isso os santos estavam
tão atentos em descontar na Terra com a mínima falta, até nas palavras ociosas
(Mt 12,36). Santa Mônica, no leito de morte, disse àqueles que circundavam seu
leito: “Rogai por mim. Não tomais conta do meu corpo, somente da minha alma!”
Não lágrimas, mas Santas Missas
Os defuntos não precisam das nossas lágrimas, mas das nossas
Santas Missas. Nem precisam de coroas de flores e procissões para o funeral.
Quanta bobagem em certos cristãos! Preocupam-se e gastam sem economia para a
solenidade externa do funeral e não se curam ou não querem gastar dinheiro para
mandar celebrar uma Santa Missa! Se pudéssemos ver os sofrimentos das almas
purgantes, com qual cuidado as ajudaríamos, fazendo antes de mais nada,
celebrar as Santas Missas, fazendo a Comunhão, recitando Rosários, praticando
penitências. Uma noite, São Nicolau de Tolentino viu a alma de um frade
defunto, frade Pelegrino de Ósimo que lhe pediu para celebrar logo uma Santa
Missa por ele e pelas almas purgantes. Mas o Santo respondeu que não podia
porque tinha que celebrar a Santa Missa do turno. Então o defunto conduziu-o ao
Purgatório. À vista das penas terríveis que sofrem aquelas almas, São Nicolau
se assustou e foi logo ao Superior e o rogou de fazer-lhe celebrar Santas
Missas pelo frade Pelegrino e pelas almas. Obtida a licença, a celebração das
Santas Missas foi a função mais poderosa e salutar para aquelas queridas almas.
Também ao Pe. Pio pediu um frade uma lembrança ao Pai defunto, durante a Missa.
Pe. Pio quis aplicar a Santa Missa pela alma do pai daquele irmão e lhe disse:
“Esta manhã teu pai entrou no Paraíso”! O irmão ficou admirado e feliz, mas não
pôde deixar de exclamar: “Mas meu pai morreu há 30 anos!” “É, meu filho, na
frente de Deus tudo se paga!” Respondeu em tom grave Pe. Pio.
Maria livra do Purgatório
São Bernardino chamou Nossa Senhora ‘Plenipotenciária’ do
Purgatório, pois em suas mãos há poderes e graças para livrar quem quiser do
Purgatório. Ser devoto de Maria e a Ela recorrer para obter o alívio e a
libertação das almas purgantes: é isto o que devemos fazer com todo o coração
se quisermos oferecer eficazes orações e Santas Missas. Maria mesma revelou ao
Beato Alano: “Eu sou a Mãe das almas do Purgatório e a cada hora, pelas minhas
orações, são aliviadas as penas dos meus devotos.” O Santo Rosário é de
especial eficácia. Santo Afonso Maria de Ligório ensina que “se queremos ajudar
as almas do purgatório recitamos por elas o Rosário que lhes arrecada grande
alívio.” Um santo consolou muitas almas purgantes com o Santo Rosário. São
Pompílio Pirrotti teve o dom de recitar o Rosário com as almas do Purgatório,
que respondiam em voz alta as Ave-Marias, mostrando-se serenas e felizes
durante a oração. Que também nas nossas mãos o Rosário seja uma coroa de
caridade pelas queridas almas do Purgatório.
Votos
– Oferecer o dia inteiro pelas almas do Purgatório;
– Santa Missa e comunhão pelas almas sofredoras;
– Um Rosário pelas almas purgantes mais pecadoras.