“Aquilo que o olho nunca viu, nem ouvido escutou, nem nunca
coração do homem pôde saborear, isto Deus preparou aos que O amam”. (I Cor
2,9). O Paraíso é uma realidade inimaginável; é a plenitude de todos os bens
desejáveis; é o êxtase eterno na visão beatífica de Deus. Santa Catarina de
Siena conta de ter sido uma vez raptada à glória dos Céus. Quando, acabado o
êxtase, tentou falar; não conseguiu fazer mais nada além de chorar. A quem se
maravilhava, a Santa dizia: “Não vos admireis por isso; admirai-vos que ainda
estou sobre a Terra depois de ter gozado de tamanhas delícias.” Igualmente, São
Roberto Belarmino, pensando na felicidade suprema do Paraíso, quando um dia
admirava um quadro que retratava os jesuítas, exclamou: “Quero ir ter logo com
ele! Embora desta vida! Desejo voar lá com estes.” Vinde, benditos! “Acreditem
– dizia São Felipe Néri – o Paraíso não foi feito para os preguiçosos!” Para o
Paraíso vão os heróis do amor a Deus e aos irmãos. “O Reino dos Céus exige
violência e só os violentos o conquistam” (Mt 11,12). Só o cristão que é um
herói de bondade, de fé, de humildade, de pureza, de obediência, de paciência,
de mortificação, pode esperar de sentir-se dizer ao fim do exílio terreno:
“Vem, servo bom e fiel: entra na alegria do Teu Senhor.” (Mt 25,21). Nos “Atos
dos Mártires” está descrito o martírio de São Timóteo. O Santo Mártir, cheio de
chagas e torturado na cal viva, ouviu os Anjos que o confortavam: “levanta a
cabeça e pensa no Céu que te espera!” Infelizmente para nós é tão fácil nos
deixar atrair e dominar pelos bens terrenos… deixamo-nos seduzir pelas
criaturas e pelos prazeres carnais. Por isso devemos lembrar com maior
insistência a chamada de São Paulo: “Procurai as coisas lá de cima! Provai as
coisas do alto! Não aquelas da terra.” (Cl 3,1). Se fizermos como nos diz São
Paulo, experimentaremos também a verdade desta frase de Santo Inácio: “Oh,
quanto me parece pequena e insignificante a Terra quando contemplo o Céu!” E
nos preocuparemos de convencer também outros irmãos a elevar o olhar das
criaturas para elevá-lo ao Criador. Seria uma loucura imperdoável perder os
bens Celestes e eternos pelos pobres prazeres terrenos e momentâneos. Este
mundo para nós é só uma Terra de exílio, de onde devemos conseguir chegar à
nossa verdadeira pátria. Basta refletir um pouco sobre esta verdade para compreender
melhor uma outra triste realidade desta Terra: o aborto.
Ao céu… ao céu com ela
A canção popular “Irei vê-la um dia” nos leva a desejar o
Paraíso para ver Maria e ficar para sempre com Ela! Santa Bernadete
confidenciou que Maria é tão linda que fazia desejar a morte para revê-la. São
Maximiliano recebeu os votos de uma rápida morte para logo ir ter com a
Imaculada no Céu. E o Santo respondeu agradecendo sentidamente. São Leonardo de
Porto Maurício, Apóstolo ardente, chegava a pregar pedindo aos fiéis orações
para poder logo morrer e ir ter com a Imaculada. Ele dizia: “Eu desejo morrer
para viver com Maria. Recitem 1 Ave-Maria para que eu obtenha a graça de morrer
agora e ir ver Maria!” Quando se ama verdadeiramente Maria, o pensamento e a
aspiração do Paraíso não dão trégua, porque é lá que Nossa Senhora nos espera
propriamente como uma Mãe que espera a chegada dos filhos para tê-los ao redor,
na alegria eterna.
Paraíso e Penitência
Não se chega ao Paraíso senão pela ‘porta estreita’ (Mt
7,14), ou seja, através da penitência. Quando se pedia a São Maximiliano de
moderar um pouco seu heroico e cansativo apostolado pela Imaculada, ele
respondia: “Não é necessário descansar. Descansarei no Céu!” Igualmente quando
se exortava São José Calasanz a renunciar a alguma das suas penitências, ele
respondia: “Oh, Paraíso! Que força e coragem comunicas a quem em ti quer
entrar!” Quando pediam para aliviar-se um pouco, respondia: “Se pode ir ao
Paraíso até sem os passeios. O nosso descanso será o Paraíso”. Descobriram que
usava no corpo um cilício e perguntaram se lhe doía: “é lógico que dói um
pouco, mas para ir ao Paraíso, precisa fazer Penitência”.
Precisamos de Nossa Senhora
Uma coisa, porém, nos deve consolar: se é verdade que no
Paraíso não se vai sem penitência, é verdade também que para ir através de um
caminho mais seguro e mais fácil, tende ir com Maria. Veja um episódio: Um
Bispo foi ao Pe. Pio e lhe levou um amigo que não era um santinho.
Apresentou-lhe, dizendo: “Padre, este amigo gostaria de assegurar-se com um
bilhete de ingresso ao Céu. A coisa não é fácil. O que aconselharia, Padre?”
Abaixou e abanou a cabeça, e respondeu docemente: “É… precisamos de Nossa
Senhora!” Também a São Bernardo aconteceu uma vez que foi se confessar um
grande pecador, já presa do desespero porque estava devastado por terríveis
pecados. O santo lhe falou da divina misericórdia e lhe abriu o Evangelho que
refere a Anunciação, no versículo 30: “Não temas, Maria, porque achaste Graça
diante de Deus”. (Lc 1) e comentou que Maria achou graça para nós, pecadores.
Aquele pobre pecador se reanimou, e logo após a Confissão foi junto ao altar de
Maria e lá achou a perfeita paz. Se amarmos muito Maria, ela nos doará de dia
em dia as graças necessárias para viver de modo digno do cristão,
preparando-nos ao Paraíso na separação progressiva desta Terra, até fazer-nos
exclamar com São José Cotolengo: “Feia terra, Belo Paraíso!” É necessário,
porém, que amemos Maria, empenhando-nos em fazer bem os nossos deveres de cada
dia. Santa Bernadete teve pela Imaculada a certeza do Paraíso, e mesmo assim
comportava-se com a máxima perfeição, porque não queria ir ao Céu sem ter sido
bem comportada. Lembraram-na, uma vez, da garantia de Nossa Senhora, mas ela
respondeu: “Sim, mas sob a condição de que eu faça o necessário pra merecer!”
Esforcemo-nos de viver com os olhos sempre fixos no Paraíso, com as mãos em
ação para fazer sempre todos os nossos deveres, com o coração cheio de amor e
confiança na nossa doce Mãe que nos quer a todos no Paraíso.
Votos
– Fazer alguns sacrifícios pelo Paraíso;
– Recitar os mistérios gloriosos do Rosário;
– Fazer esmola a um pobre.