Santo Inácio de Loyola recebeu um bilhete com tal mensagem:
“Eu vos odeio tanto que gostaria de vos queimar!” Prontamente respondeu: “Eu
também gostaria de vos queimar, só que do Amor Divino”. Eis o ódio e o amor. Se
opõe diretamente. O ódio é contrário ao amor. Odiar é querer mal. Quem odeia
uma pessoa quer-lhe mal. Pode-se odiar a Deus e ao próximo. Existem dois tipos
de ódio: Inimizade e Repelimento: Inimizade é quando se odeia um inimigo ou
quem nos faz mal ou pode fazer mal. Repelimento é quando se odeia o mal (a
desonestidade, crueldade) que se vê em uma pessoa. Este ódio é um ato bom.
O ódio assassino
O ódio da inimizade, na sua raiz, é homicida. Realmente é
verdade. Muitos cristãos têm horror só em ouvir o 5º mandamento: não matar! O
confessor que lhes perguntasse se mataram alguém, ouviria responder-se um não
brusco e repetido. Mas quase todos os cristãos pensam que se possa matar um
homem apenas enfiando um punhal nas costas ou atirando-lhe uma bala no coração.
Não pensam que o 1º é aquele que se comete no coração com ódio, pois ele tende
à destruição do outro, podendo chegar à violência externa. Jesus disse
expressamente em Mateus 15,19: “É do coração que vem os homicídios”. O ódio por
uma pessoa é um homicídio, assim como um desejo imundo de um cônjuge já
consiste em um adultério consumado no coração (cf. Mt 5,28). O que dizer dos
homicídios legalizados com a lei do aborto? As crianças menores e indefesas são
atingidas de traição no seio materno, sem Batismo, privados do Paraíso,
destinados ao Limbo eterno. Que corrente de desgraças opera a mão homicida. Nem
o menor ódio contra a vida e contra Deus (cf. Mc 12,27) há no coração de quem
recorre aos anticoncepcionais que cometem os homicídios antecipados. Quem pode
medir todo ódio assassino espalhado e operante no mundo com os abortos e
anticoncepcionais? Se Raquel chorava sobre o seu povo pelos filhos que não mais
o eram (cf. Gn 31,15) qual não será a dor de Maria de frente ao ódio homicida
que reina em toda a Terra?
Amar somente
Se o amor é a perfeição do homem, o ódio é a perversão!
Portanto os cristãos não podem odiar nenhum homem, porque “quem diz amar a Deus
e odiar seu irmão é mentiroso!” (I Jo 4,20) E quando “estás apresentando a Deus
a tua oferta ao Altar e lá te lembrares que um irmão tem alguma coisa contra
ti, deixa lá tua oferta e vai reconciliar-te com teu irmão pra depois
apresentá-la ao Senhor” (Mt 5,23-24). Os cristãos não podem nem odiar seus
inimigos. Devem amá-los, sofrendo: “Amais os vossos inimigos e fazei o bem
àqueles que vos maldizem; rezai pelos vossos caluniadores e àquele que te bater
a face, oferece a outra!”. (Lc 6,27-29). Inútil dizer que este amor aos
inimigos é a coisa maior, como dizia S. Agostinho, um heroísmo sem par.
Certamente ele não corresponde às nossas tendências naturais. Os antigos
diziam: olho por olho, dente por dente (cf. Ex 21,24). Era a lei do talião,
férrea e inexorável. Mas Jesus interveio e limpou tudo. “Vós sabeis o que foi
dito: amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo. Mas Eu vou digo: Amas teu
próximo e teu inimigo!” (Mt 5, 43-48).
O perdão Cristão
Infelizmente nós somos fáceis em recitar com os lábios o
Pai-Nosso: “perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos
devedores” (Mt ,12). Mas com o coração não perdoamos muitas vezes. Não falamos
mais, não queremos mais relações com aquela pessoa… Coisas frequentes entre
nós, cristãos. S. José Cafasso queria convencer um encarcerado a depor todo
ódio contra os inimigos. Convenceu-o a rezar o Pai-Nosso pelo ofensor. Quando
chegou no momento de pedir e dar perdão (que a oração fala), o Santo
interrompia e lhe perguntava se as tinha dito verdadeiramente. Se a resposta
era afirmativa, alegrava-se com o encarcerado pela generosidade de perdoar.
Sendo negativa, o Santo afirmava que precisava muita coragem para pedir a Deus
de ser duro com ele como ele agia com os outros. Assim nos serve! Inútil
apelar, pois seremos perdoados à medida que perdoarmos (cf. Lc 6,37-38).
Depende somente de nós para obtermos de Deus perdão total.
Pretextos e desculpas
Parece incrível o fato de acharmos desculpas para não
perdoar, embora sabendo que Deus está sempre pronto a nos estender seu perdão e
que Maria nos ama constantemente, apesar de nossa maldade inesgotável. Um bom
pregador, S. Jerônimo, recolheu as desculpas vãs que mais facilmente se acham
em não perdoar. Ei-las: – Eu não consigo vencer a repugnância que provo ao
perdoar tal pessoa. – Mentira! Deus não nos pede impossíveis! – Mas me fez
tanto mal… Não podemos perdoar só aos que nos fazem bem? Arruinou-me, tentou
destruir a minha fortuna… – Que seja. Mas credes que alimentando no coração
tanto ódio, ganhareis alguma coisa? Para vos consolar dos males recebidos,
juntais outro gravíssimo, já que Jesus claramente disse que quem não perdoa não
será perdoado. – Mas o que dirá a gente? – Dirá que sois cristão! – Mas e a
minha honra? – A honra maior para um cristão é de comportar-se como filho de
Deus, infinitamente misericordioso. – Mas aquela pessoa não merece meu perdão.
– Pode ser. Mas o vosso perdão o mereceu Jesus Cristo! – Sim, mas ele
aproveitará do meu perdão pra ficar pior. – Que seja! Vós ficarás melhor!
Bem por mal
Não só precisamos perdoar, mas precisamos pagar o mal com o
bem. “Não te deixes vencer pelo mal, mas vences o mal com o bem” (Rm 12,21)
Assim faz Deus, que continua a doar a vida a quem O ofende. Assim faz Maria que
continua a amar quem A faz chorar. Os santos nos deixaram exemplos admiráveis
de vitória do amor sobre o ódio. Quando o assassino de Maria Goretti se apresentou
à mãe da Santa para lhe pedir perdão, ouviu-a responder: “Como não lhe
perdoaria se minha Marieta já o fez?” A heroica Virgem e mártir, antes de
morrer, perdoou de coração seu assassino, e aparecendo-lhe depois da morte,
disse-lhe que o queria consigo no Paraíso. Esta é a “vingança” dos santos. S.
Joana Francisca de Chantal perdeu o esposo durante uma caçada. Sofreu
terrivelmente, mas perdoou de tal modo que quis ser madrinha do filho do
assassino. Que lição para nós que somos capazes de não olharmos mais no rosto
de quem nos ofendeu com uma bobagem apenas. S. Maximiliano Maria Kolbe, o louco
da Imaculada, no campo do ódio de Auschwitz, exortava os irmãos de martírio a
vencer o ódio com o amor, porque, dizia,”Só o amor é criativo”. Ele recebia
este amor da Imaculada, a “Mãe do belo Amor” (cf. Eclo 24,24).
Votos
– Lê e medita a parábola sobre o servo ruim (Mt 18,21-35);
– Oferece o dia por todos aqueles que provocam abortos ou usam anticoncepcionais;
-Recita um Rosário por teu inimigo.