A padroeira do Recife


Foi em 1909 que tudo aconteceu... O Recife tinha sido dedicado a Santo Antônio desde muito tempo. O primeiro monumento de uma das ilhas do centro da cidade fora o Convento de Santo Antônio, dos Franciscanos.

O povo da cidade, naquele começo de século, precisava talvez de uma “Mãe”, que ouvisse suas preces e derramasse graças sobre todos... Os carmelitas já estavam instalados ali desde 1663, vindos de Olinda, a Casa-Mãe da Ordem... Os devotos de Nossa Senhora do Carmo queriam muito tê-la como Padroeira, ao lado de Santo Antônio... Os pedidos foram muitos. A ansiedade também. Até que, naquele 1909, o Papa Pio X, atendendo àquele anseio tão forte a fervoroso, autorizou que a Virgem do Carmelo fosse padroeira do Recife em conjunto com Santo Antônio.

Dez anos mais tarde, em 1919, a Virgem foi coroada e proclamada oficialmente a padroeira da cidade. Foi o povo pernambucano que doou a esplendorosa coroa com que tudo se consumou... Com o passar dos tempos, sua devoção superou a do primeiro padroeiro, sendo hoje essa antiga honraria quase que completamente esquecida.
E a cada ano, o ritual carmelitano é repetido. Novena – de 06 a 14 de julho; vésperas solenes – dia 15 de julho: e, no dia 16, o Recife se veste de amarelo e branco, crendo serem essas as cores que simbolizam a Virgem do Carmo, acompanham as Missas, desde a madrugada e a Procissão, proclamando sua fé na Mãe sem respeito humano ou acanhamento.

Curiosamente, as cores da Virgem do Carmo não são o amarelo e o branco... Essas são as cores que o sincretismo religioso escolheu, para louvar Oxum, reverenciada no candomblé, na correspondência com devoções católicas. As cores carmelitas são o marrom e o creme. Assim se vestem as imagens da Virgem, os frades, as freiras e os irmãos terceiros carmelitas... O saber do povo é que fez mudar essa identificação no vestir dos membros da Ordem e hoje é essa a forma quase que unânime de identificação.

1909 / 2009 – cem anos de carinho, de devoção, de fidelidade a Maria, invocada como Nossa Senhora do Carmo.

E os devotos todos, nestes dias que antecedem a festa do dia 16 de julho, lotam a Basílica do Carmo do Recife, para repetir o mesmo cancioneiro especialíssimo que só se repete nas festas carmelitas, conduzidos – há 60 anos – pelo mesmo grupo: o CORAL DO CARMO DO RECIFE. Aliás, foi para louvar a Mãe do Carmelo que um dia, há sessenta anos atrás, o coro surgiu, pelas mães e ações do frade visionário Frei Pio Moreira, Oc, já falecido.

Louvemos essa Padroeira que todos os recifenses quiseram ter e mereceram ver o seu desejo proclamado em verdade!

Do site: http://www.marietaborges.com/

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